quarta-feira, 25 de novembro de 2009

"Poiteiros"


Como nem tudo é estudo (ainda bem!), vale dizer que os nossos amigos portugueses gostam muito de aprender palavras novas, típicas do Brasil. A mais recente delas, ensinada por Eugênia e exemplificada, sendo aplicada em frases, por mim foi “poitar”.

Um verbo de muitas conjugações e que eles adoraram. Ontem, dois desses amigos nos pagaram uma rodada de cerveja no intervalo da aula (mesmo no frio e algo que me lembrou muito meu passado de UFC com Cristina e Daniel hehe).

Animados, eles anunciaram em alto e bom som na cantina: “Paulo e Eugênia vão poitar nossas bebidas”. E caíram na gargalhada. Eu adorei, claro. Cerveja no preço, ótimo papo e um intercâmbio dos melhores.

O professor foi obrigado a ir buscar todos na cantina para retomar a aula (ops!).

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Fim de semana de clima frio e momentos calorosos


Como a rotina de estudos vem pegando a gente de jeito nas últimas semanas, estipulei que fim de semana, independentemente de onde eu esteja, será sempre fim de semana. E isso rende uma programação própria para o sábado, depois da aula que vai até 13 horas, e para o domingo, apesar do frio.

No sábado, cumprindo com um pedido feito pela Eugênia, fomos ao Coliseu dos Recreios. Uma casa de espetáculos de Lisboa, que fica no bairro Restauradores (foto), um “sítio”, como eles chamam aqui, super bonito, de arquitetura imponente, clássica, e que está ainda mais bonito por conta do Natal, com as arvores e ruas todas iluminadas.
Lá vimos o balé russo com o espetáculo “O Quebra Nozes”.

De tudo, valeu pela felicidade da Eugênia e por partilhar com os portugueses um hábito muito legal: o da ida ao teatro com toda a família. Tinham centenas de mães e pais com os filhos, ainda crianças, todos arrumados, com aquelas roupas super estilosas de frio, Muito, muito legal. Vez por outra uma menininha se encantava com os passos dos bailarinos. Algumas delas pulavam das cadeiras para ver melhor e imitar os rodopios. Dá pra notar que o espetáculo em si não chamou muito a minha atenção, mas foi uma experiência ótima.

No domingão, recebemos um convite de Talita e Fernando para um jantar no AP deles. Bacalhau feito pelo Fernando. Receita tradicional da família dele. Vocês acreditam nisso? Pois fomos lá, morrendo de frio, e, como sempre, o papo estava ótimo e a comida, para nossa grata surpresa, uma delícia. Fernando se garantiu e, mais uma vez, ponto para ele e Talita que sabem receber muito bem os amigos. E aí voltamos aos nossos inúmeros planos, aos lugares que queremos visitar, ao que vamos querer ver mês que vem em Madri e tudo o que o encontro com ótimos amigos permite.

De lá, saímos com o pacto (isso mesmo, essa foi a palavra usada pela Talita. Hehe), de sempre aos sábados, depois das aulas, conhecer mais um pedaço de Lisboa. A lista é grande. Ainda bem!

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

É Natal

Ontem, eu estava criando raizes em frente à televisão e muito bem coberta por uma manta quando o Paulo resolveu dar uma volta. Estávamos há uns três dias sem botar o pé na rua. A gente se reveza entre o computador, livros de mestrado, televisão e livros de literatura. Lá fomos nós enfrentar o vento gelado.

Aqui os bairros se chamam Freguesias, na verdade, é como se fosse uma Secretaria Regional em Fortaleza. Cada Freguesia cuida da sua vida através da Junta da Freguesia e a Câmara Municial cuida da cidade inteira. Na nossa Freguesia, o Lumiar, tem o Parque Quinta das Conchas e Liláses que nós não havíamos ainda conhecido. Fomos caminhar por lá, o lugar é lindo, enorme, e assim que o frio melhorar nós vamos andar muito mais por lá. Várias pessoas caminhando, correndo, espaço para crianças... Enfim, valeu a caminhada.

E na volta: vejam só, o Natal chegou! A Junta da Freguesia acendeu a iluminação de Natal, nossa rua tem umas estrelas gigantes nos postes, já tem uma mensagem de Boas Festas no letreiro do prédio da Universidade da Terceira Idade, o centro comercial está cheio de árvores de Natal. O Paulo já achou uma candidata à árvore para nossa casa em Lisboa. Em Fortaleza, nós já teríamos montado a nossa, mas aqui não estávamos atentos para a chegada.

Provavelmente não nevará em Lisboa (se Deus quiser, não), mas estamos planejando uma viagem a Serra da Estrela para ter um dia de frio com neve. Também já fomos dar uma olhada no local da concentração do Reveillon de Lisboa. Os planos para o Natal ainda estão meio soltos, mas as festas de fim de ano fecharão um ciclo de muitas inovações para a gente. Pode-se dizer que 2009 foi um ano realmente intenso.

domingo, 15 de novembro de 2009

Nós e o Nobel - parte 2

Continuando as aventuras em Penafiel:

Domingo nós chegamos um pouco mais cedo para as palestras. E ele estava lá. Sentado no meio da platéia recebendo as pessoas. Entramos na fila e lá fomos nós pegar a assinatura do José Saramago. Pedimos a outra pessoa da fila para tirar as fotos. Ele olhou para o livro e disse: "Isso é...", eu respondi: "É a edição brasileira de O Caderno". "Ah, bom". O Paulo tinha me dado esse livro de presente de Dia dos Namorados. E cá está ele assinado.

Depois, nós tentamos tirar uma foto com a Pilar, esposa dele. Mas ela é muito tímida, olhou pro lado, viu o marido e disse, "Tire com ele que é melhor" e saiu. Quando eu estava conversando com ela, o Paulo disse: "Amor, afasta" e eu afastei para direita e quase que me bato com alguém. Quando virei para ver, era o Saramago. Sim, eu ia derrubando o Nobel. Agora, eu já penso que se eu tivesse me batido com tudo nele e ele tivesse caído ou os seguranças me matavam em seguida ou eu me jogava no chão também.

Tudo bem, passou, passou. Fomos sentar eu me tremendo toda. As palestras, mas uma vez, foram magníficas. Saramago falou muito. Uma mulher foi entregar como presente um livro que ela fez reunindo textos e pipas de vários países durante anos para dar a ele. Saramgo responde: "Como vocês podem ver, essa mulher é louca. Louca, louca.". Dessa vez Pilar também fez parte da mesa e falou muito sobre os planos da Fundação José Saramago. Essas palestras foram praticamente todas em espanhol. Tinha um pesquisador que abordou a questão da literatura dele com a Internet. O autor pediu a palavra e disse: "Quem escuta Fernando Berlim falando pode ter a idéia errada que eu entendo tudo de computador. É mentira. Toda vez que sento ali, logo posso ouvir uma voz pela casa: Pilaaaaar." Eles são realmente um casal lindo demais.

O lançamento do livro foi à noite. Completamente lotado. Imprensa, adultos, crianças... Ele conversou sobre o livro. O homem tem um discurso tão coeso que vai falando e naturalmente respondendo todas as perguntas que os jornalistas poderiam fazer. Não foi feita uma pergunta, ele ia passando pelos temas sozinho. Quando terminou, nós vimos a primeira falha da organização: não formaram a fila para os autógrafos. As pessoas voaram para cima da mesa e ficou uma senhora confusão. Nós havíamos acabado de comprar o Caim, A Caverna e o Conto da Ilha Desconhecida. Ficamos na dúvida mas entramos no esboço de fila. Eu achei que não daria tempo, a sessão começou 11 da noite. Quando deu meia-noite e meia, Pilar pediu a palavra e disse: "Pedimos desculpa, mas Saramago só assinará um livro por pessoa". Isso porque algumas pessoas haviam comprado 8, 7, 5 livros para autografar.

Aí a fila andou bem mais rapido, antes de 1 da manhã tivemos nossos 3 livros autografados. Eu com 1 e o Paulo queixou a mulher e levou 2. A sessão seguiu até 1:30. Impressionante a educação que José Saramago demonstrou com o evento. Ele esteve presente em todas as palestras, no filme, autografou até a última pessoa sair. Com a idade que tem, era compreensível se só estivesse em alguns momentos. Mas não, foi uma verdadeira demonstração de respeito com o público. E nossa paixão pelo autor e pela pessoa só aumentou. Essa foto dele com Pilar foi tirada do site Bahia em Pauta.


No dia seguinte, nos despidimos de Penafiel e pegamos nossos 2 comboios para Lisboa. Bem menos fria, é verdade, mas menos encantadora também. Não tinha Saramago nela.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Nós e o Nobel - parte 1


Bom, faz um certo tempo que nós devemos este post. E vai em homenagem aos amigos Marco Aurélio Severo e Beth Catunda. Nosso encontro com José Saramago:

Tudo começou quando ainda estávamos morando no hotel. Eu vi no site da Fundação Saramago que o livro "Caim" seria lançado no dia 19 de outubro, numa cidade chamada Penafiel que fica a uns 350 quilômetros de Lisboa e a 40 de Porto. O lançamento do livro, na verdade, era só parte de um evento chamado Escritaria. Seriam 3 dias de evento plenamente dedicados a José Saramago com a presença do Fernando Meirelles, Nelida Piñon e vários outros especialistas na obra dele entre os dias 17 e 19.

Muitas pesquisas depois, nós poderíamos pegar um trem para Porto e de lá outro para Penafiel. Para não perder tantas aulas, só poderíamos ir no sábado de manhã perdendo o primeiro dia do evento e a Nélida. Eu confesso que me desanimei quando vi que gastaríamos um dinheirinho. Outubro já tinha sido dispendioso porque ainda morávamos no hotel. Mas meu marido é um homem decidido e disposto a realizar sonhos. Então ele não aceitou ouvir falar em gastar dinheiro. Liguei para uma pousada que achei na net. O senhor que atendeu disse que não era mais uma pousada, mas que lá havia bons hotéis, ele me pediu para esperar e pegou uns números para eu ligar. Impressionada com a gentileza da pessoa, um anjo, liguei e encontrei o Penahotel.

Sábado lá vamos nós na nossa primeira viagem de trem na Europa. Aqui eles chamam comboio. Ficamos impressionados com a pontualidade. Nosso comboio de Porto para Penafiel era uns 7 minutos depois da chegada prevista em Porto e deu tempo nós chegarmos e tomarmos um café antes de embarcar para Penafiel.

A cidade é absolutamente linda. Uma cidadezinha de serra no interior de Portugal. É tão pequena que só tinha um taxi trabalhando no sábado, ele levava uma leva de pessoas e a gente ficava esperando ele voltar para pegar mais. O hotel para nossa alegria é lindo, super hiper mega bem localizado. Nós estávamos no início da rua que no início tinha o cinema e no meio o museu. Justamente os locais do Escritaria. Largamos nossas mochilas e fomos para o Museu. Ao lado do hotel, tem a Basílica Nossa Senhora da Piedade que fica em cima de um morro (de onde tiramos esta foto do por do sol), de um lado tem a praça com um jardim lindo e do outro lado uma espécie de bosque no meio da cidade. As Igrejas e a arquitetura encantadoras. Mais frio que Lisboa também. A cidade toda estava preparada para a Escritaria. Textos do Saramago estavam espalhados por caixas nas ruas, cartazes nas vitrines de todas as lojas e post-its gigantes nos muros.

Quando chegamos no Museu, estávamos desavisadamente conversando quando todos começam a bater palmas. Saramago! Entrou acompanhado por sua esposa Pilar. Chegaram os outros palestrantes incluindo o nosso Fernando Meirelles de quem o Saramago falou super bem. Ele tem 87 anos e, apesar de ter um físico fragilizado, não poderia estar mais lúcido. O mais legal foi assistir à interação do Saramago com a esposa. Eles são muito lindos. Ele contou a história de quando se mudaram para Lanzarote e disse que a idéia foi dela e só depois ele concordou.

Ele: "Quando as mulheres têm uma idéia nós homens reagimos de 3 formas. A primeira, que é de todos, é dizer NÃO. Depois, tem uns que dizem : mulher, aquela sua idéia até que não era má. E uns que dizem, mulher aquela minha idéia até que não era má" Todos riram muito. Pilar, da platéia disse: "E tem mulheres que conhecendo o marido dizem: aquela sua idéia até que não era má. Ele sabendo que foi dela e ela também". Saramago fez uma cara muito séria e perguntou: "Pilar, eu já roubei alguma idéia sua?!". Gargalhadas gerais.

À noite, o diretor Fernando Meirelles fez a abertura da programação no cinema de Penafiel onde, pela última vez, o filme Blindness - Ensaio sobre a Cegueira fez uma estréia na tela grande. Lançado há mais de um ano, o filme pode ser adquirido nas locadoras. Para nossa surpresa, Saramago e Pilar foram ao cinema assistir ao filme. Ele sentou na primeira linha de cadeiras reservadas para convidados. Como nem todos os convidados foram sobrou lugares e eu e Paulo sentamos duas filas depois dele. A gente olhava para trás e lá estava o Nobel assistindo ao filme com a gente! Tipo assim, o que vc fez no sábado? Ah, fui pro cinema com o Saramago e a Pilar! rsrs

E assim terminou o primeiro dia de evento. O Meirelles chegou e saiu correndo de todos os eventos, não conseguimos tirar foto com ele. E o José Saramago saiu muito cansado do cinema e não falou com o público. Por enquanto.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Afetos

Hoje, os pais da Eugênia nos telefonaram. Ontem eu falei com minha avó e no domingo último liguei pra minha mãe. Já pela web troquei algumas mensagens com meus primos, tios e irmãos e deixei recados ao meu pai.

Com a distância é muito bom receber o afeto da família. Pessoas amadas e extremamente respeitadas que nos acompanham de coração e espírito por qualquer lugar, mesmo que em outro continente, como é o caso.

Aproveito para somar aos telefonemas, o carinho dos amigos também pela Internet.

Abraços nossos em todos!!

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Segura na mão de Deus e vai!

No último sábado, dia 07 de novembro, eu e Eugênia ficamos responsáveis por apresentar o resumo de um texto sobre Estudos Organizacionais (para a disciplina que leva o mesmo nome) de um autor chamado Karl Weick. É a disciplina que mais gostamos por aqui, apesar de ser ministrada aos sábados logo cedo (vocês sabem que a gente facilmente se adapta a vida boa de poder acordar um pouco mais tarde, né? Na verdade, eu nasci pra ela, que o dia meu concunhado Rogério! Hehe).

Nessa aula, só para contextualizar, o professor quis separar a dupla de brasileiros e, para que isso não acontecesse, utilizamos dois argumentos: (eu) eu preciso da inteligência e do inglês dela; (eugênia) o que Deus uniu ninguém separa, professor. O professor riu, claro.

Na verdade, acredito que o professor dessa disciplina (o nome dele também é Rogério) se diverte um bocado com a gente. Para falar sobre estratégias organizacionais movidas pela fé, geralmente pela fé em um líder (que é um dos tópicos do texto), Eugênia citou como exemplo a frase brasileira “Segura na mão de Deus e vai”. O professor adorou e a turma bolou de rir.

Passada a apresentação, em que explicamos também o sentido de “marola” (palavra usada pelo presidente Lula ao se referir aos pequenos impactos da crise financeira no Brasil), muitos dos colegas nos pararam para dizer que tinham ganho o dia ao aprenderem as novas expressões.

Uma das colegas, a Henedina, disse algo parecido com o seguinte: “Eu já praticava muito o ‘segura na mão de Deus e vai’, só não sabia que essa era a expressão que definia minha atitude”.

Deu para notar que Eugênia deu um jeito de empregar com competência e sentido o seu forte catolicismo numa aula que, muitas vezes, aborda questões de caráter puramente econômico. Genial, não?

Depois o professor quer me separar dela. De jeito nenhum! hehe

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Burocracia, sempre ela

Fomos tirar nosso cartão de residência hoje no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras daqui (SEF) que cuida de nós, imigrantes. Os estrangeiros com visto precisam deste cartão para fazer tudo por aqui. Se não tirar tem uma multa, ou coima como eles dizem, de mais de 40 euros por dia. Agendado por telefone há quase um mês, nosso horário era meio-dia. Graças a nossos pais que surtaram em Fortaleza pra nos enviar os documentos devidamente reconhecidos pelo Consulado brasileiro no tempo necessário, estávamos preparados. Chegamos às 11:50. Pois bem.

Primeiro você recebe uma senha A para conferirem seus documentos. Às 13:15 fomos atendidos. Tudo certo? Tudo certo, pois agora peguem aquela fila e troquem essa senha A por uma D. Ah, tá. Neste momento descobrimos que tem um valorzinho de 30 euros a pagar por pessoa. Coisa que não estava no site e que ninguém nos avisou nas DUAS vezes que ligamos para confirmar quais eram os passos para tirar o cartão. Eu fiquei lá e o Paulo saiu em busca de um caixa que aceitasse o Visa Travel em tempo recorde.

Às 14 horas, fomos chamados. Conferem os documentos de novo. Tiram nossa foto, recolhem impressão digital das duas mãos, assinamos pro computador registrar. Tudo certo? Tudo, pois agora peguem a fila e troquem a senha D por uma G. ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... Às 16:40 nos chamam, conferem os documentos (não vou comentar), digitalizam os tais documentos. Assinamos outra vez. Tudo certo? Tudo, pois agora troquem a senha G por uma K. Desta vez, foram só 2 minutos para nos chamar. Pagamos e como diria o ratinho que toma banho no Castelo Ra-Tim-Bum: agora acabou.

Saímos às 17:30. Sim, cinco horas e meia para resolver isso.

Importantíssimo: os funcionários do SEF foram educadíssimos. Eles nos tratam bem e distribuem vários sorrisos. E olha que o horário deles termina às 16 e eles não recebem hora extra desde abril. Foram avisados hoje que essas horas irão para um banco de horas, tem gente lá com mais de 800 horas. E estavam todos lá, até quase 18 horas nos atendendo com prontidão. Ninguém merece, nem eles nem nós.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Vaidades no frio

Quem me conhece sabe que eu não sou a pessoa mais vaidosa do mundo. Mas tem certas coisas que viram necessidade quando a pessoa muda de clima. Quando nós chegamos a temperatura ficava entre 15 e 25 graus, agora estamos indo de 13 a 19. A situação tá ficando complicada.

O primeiro alerta para os meus novos hábitos veio da Talita: "Tu já comprou o secador ou trouxe do Brasil?". "Olha pra minha cara, Talita, eu lá uso isso!" (reagi quase ofendida e fazendo cara de mulher superior). "Ô antinha, e quando tiver fazendo zero graus e tu quiser lavar o cabelo vai fazer o quê? (reagiu a Talita mostrando uma sabedoria que eu não tinha alcançado). Lá fui eu comprar o secador de cabelos, meu primeiro na vida.

Outra compra que precisou ser feita foi de roupa para frio. A Zara e a C&A daqui foram consultadas e nós compramos casacos para um frio, digamos, mais punk. E roupa de dormir com calça e manga comprida, coisa que não teria nem em sonho no Ceará. Para completar, um par de botas porque sandália tá fora de cogitação até janeiro.

Superada esta fase, eu olho para os meus braços e um susto: minha pele tá tão seca que está descascando! Imagine as pernas. Como pode? Explicação: a umidade do ar aqui é baixa pra caramba. Lá vou eu me banhar de hidratante diariamente e usar manteiga de cacau nos lábios direto.


E nesta semana eu fui viver minha primeira experiência em salão de beleza. A cera que eles usam é uma rosa, que não precisa usar perlon, ela endurece e puxam a cera mesmo. Dói mais mesmo com cera quente. Me deu muita, muita saudade da Adriana em Fortaleza. Melhor depiladora do mundo. A depiladora daqui foi mais ou menos simpática ou mais ou menos antipática, dependendo do otimismo de quem encare. "De que é feita a cera da senhora?", ela: "Não sei, já vem pronta. Claro". "Sim, minha senhora, mas quais os compenentes?", ela: "Não sei". Aí a pessoa respira muito fundo e pensa que esta mulher vai estar com o poder de lhe causar muita dor em poucos minutos. "Minha querida senhora, e como eu sei que não vou ter alergia a cera?", ela: "Ah, é isso? Eu testo um pouquinho". Felizmente eu não tinha alergia. Nem à cera nem à depiladora.

Dia de arrumação

Hoje foi dia de faxina aqui em casa. É nesses dias, pelo trabalho que se dá, que toda a dita elegância em torno da experiência de se viver na Europa vai pro espaço. Limpa banheiro daqui, limpa cozinha por acolá, varre-se, passa pano. Molha e enxuga. Põe de molho, põe a máquina de lavar pra funcionar.

Eu e Eugênia costumamos, para descontrair, claro, estipular prazo para terminar a peleja. A cada limpeza, um novo prazo (duas horas e meia, duas horas), ao passo em que a gente divide e se divide para terminar o que ainda resta por fazer.

A casa fica cheirosa, limpinha, arrumada, dá gosto de ver, apesar do trabalho que dá. E assim a gente vai levando, tentando sujar pouco, utilizar menos talheres e panelas, para que, na próxima faxina, fique a sensação de que há menos coisa pra fazer. Será? Hehe.