terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Lá e de volta outra vez

Eu sempre gostei do título que o personagem do livro "O Senhor dos Anéis" dá à obra que ele escreve contando suas aventuras. "Lá e de volta outra vez" pode resumir todas as aventuras. Pois foi assim que fomos ao Brasil passar o Natal. Lá e de volta outra vez.

Dias muito loucos, em que andamos quase sem contato com Internet por não termos levado o nosso computador e usamos o celular apenas como "recebedor" de chamadas daqueles que ainda tinham guardado nossos antigos números. Acabamos por encontrar só com os que entravam em contato. Houve faltas gravíssimas. Não desejamos, pela primeira vez, Boas Festas a ninguém com nenhum tipo de cartão. Eu absurdamente não encontrei minha afilhada (e nem a mãe dela). Não vimos amigos queridos como Carol e Blau, Dete e Adriano, Jennifer e Felipe, Juliana Sousa, Olga, Diglas, Rafael... Por mais que a gente corresse (e a gente correu), não deu. Acabou o tempo, hora de voltar.

Os dias foram quase que por completos dedicados a estar com a família. A escutar as histórias, a sentir, estar perto deles, afinal, foram o motivo da viagem. Acabamos também, olha só, pegando filas burocráticas em bancos e repartições resolvendo pendências chatas que eu nem lembrava que existiam. Tomei ainda chá de cadeira em consultório de médico. E tomamos banho de mar (ainda que só uma vez). E eu ainda resolvi gripar. Não tomei sorvete da 50 sabores nem fomos nas tapioqueiras.

Por outro lado, deixamos um rastro de abraços na cidade. Encontramos uma deliciosa vez com o SGB a tempo de comer macarrão da Beth e petit gateau do Mano. Conhecemos a nova casa linda do Daniboy. Fomos imensamente bem recebidos por Marcos, Glória, Sheila e Jonas. Conseguimos comer um sanduíche com o Paulo e Adriana (mas não encontramos Vanessa), um almoço rápido com o Marco, outro com Sabrina. Café da manhã com uma prima, outro com uma irmã. Participamos dos aniversários de Nataly, Brena, Larissa e do Léo. Vi meus primos umas duas vezes. Uma cerveja rápida com a turma da faculdade. Encontrei o Luquinhas durante uma tarde, um "plesente" pra mim. Encontrei minha irmã por parte de um dia. Encontrei os dois candidatos a boneco do Matou a Pau...ta, bloco de pré-carnaval dos jornalistas.

Tenho muito orgulho de dizer que dessa vez nossa partida teve muito menos choro. Minha mãe se comportou muito bem. Fomos lá e aqui estamos de volta outra vez. Não encontramos essas pessoas queridas, mas chegamos a conclusão que amamos muitos. E, graças a Deus, eles nos amam de volta. Energia recarregada. Cá estou novamente enrolada em uma manta. O aquecedor ligado. Mala por desfazer. O irmão do Paulo nos faz visita e vamos ter muito o que mostrar a ele nos próximos dias. Aí é voltar a estudar. E continuar a mandar recados para nossos amigos e familiares. Saudades. Amamos vocês. E até a volta outra vez.

E feliz 2010 para todos!

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

O Porto em companhias maravilhosas

No último fim de semana fomos apresentados à cidade do Porto (ao norte de Lisboa) por Pedro, nosso colega de Mestrado, e Laura, sua esposa, que gentilmente nos hospedaram na casa deles e, mais do que isso, dedicaram o tempo de descanso a dividir conosco lugares e amigos.

Nos dois dias que estivemos por lá tomamos o melhor vinho, jantamos um bacalhau daqueles, experimentamos diversos mariscos e ainda enfrentamos o melhor da noite da cidade com muita música e uma cervejinha das mais geladas. Tudo com bastante risada, ótimo papo, companhias primorosas e uma chuva persistente, mas agradável.

Ainda tivemos tempo de visitar nossos amigos brasileiros, Nilton e Lúcia, e voltar a tomar com eles mais umas boas taças de vinho da região. No aconchego do AP dos meninos, tivemos a chance de acompanhar as hilárias conversas de Lúcia com os familiares dela, na primeira tentativa de conexão entre eles via Skype. Um exercício da função fática da comunicação ("alô!", "entenderam?", "heim!", "hum-hum!"), como bem definiu Nilton, a serviço do desejo de matar a saudade causada pela distância. Bom demais!

Ah! E não posso me esquecer de comentar a ilustre presença do cachorro de Pedro e Laura, que viajou com a gente e se comportou como um lorde. Obrigado Pedro e Laura (e estendo já o agradecimento aos amigos de vocês) pela atenção. Nada melhor do que conhecer uma cidade com quem já a conhece tão bem.

Pena não termos tirado fotos. Estava tão empolgado que acabei por esquecer a máquina em todos os passeios. Fica para a próxima, então.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Depois do Freeport, uma aventura chamada “Ikea”


O AP onde estamos morando em Lisboa é ótimo. Tem até uma cama para as visitas. O problema, no entanto, é que falta o colchão. Por conta disso, e com o primeiro familiar com data certa pra chegar (meu irmão, Maikon), foi o jeito enfrentar o frio e ir fazer uma visitinha à Ikea, uma loja de artigos para casa, semelhante à Tok&Stok, mas com preços bem mais acessíveis.

Ao contrário do que imaginei e repetindo o que parece ter se tornado comum entre nós (depois da ida ao Freeport) o problema maior estava longe de ser o frio. Voltou a ser a distância. É, ela, outra vez. O transporte público português é bem melhor que o nosso. O metrô já saiu do papel faz décadas e as conexões com as paradas de ônibus são ótimas. A diferença está, no entanto, no estilo da cidade, que não funciona até tão tarde e tira algumas linhas de ônibus de circulação em feriado. E foi isso que aconteceu com o nosso. Fora de linha no último dia 08, Dia da Imaculada Conceição, padroeira do Reino de Portugal. Feriado dos sérios!

Tudo bem. Uma outra opção sempre há de existir. E existiu. Um ônibus na Praça do Comércio, algumas outras estações de metrô dali. Ótimo. Nem tanto. A Praça está em reforma para o reveillon e as paradas estão todas desativadas no seu entorno. Risadas soltas minhas, de Eugênia e Talita. É o que temos feito nessas horas. Depois de procurar e perseguir o ônibus identificamos a parada que está em uso. Subimos, pagamos e, uma parada depois, tivemos que descer. Fim da linha. “O quê?” E lá vai o motorista explicar: “Calma. Ela recomeça na parada aqui do lado”. “Então já podemos ficar?”. “Não, tem que descer para subir novamente”. Novas gargalhadas. Em um transporte público que funciona, a burocracia, mesmo que de leve, teima em “aperriar”. Fazer o quê, né?

Resultado: Saímos de casa às 14h, chegamos na loja duas horas depois e, já pensando na volta, passamos bem menos tempo do que imaginávamos na Ikea. Ou seja, mais tempo entre o ir e vir do que no deleite da compra, que, por sinal, não teve nada de muito chique. Eu tive que trazer o colchão (apesar de enrolado) nas costas entre um transporte e outro; e a Eugênia, de botas, veio cochilando, de tão cansada. Novas gargalhadas! Mas, como diz a Talita, é disso que vamos nos lembrar no futuro. E que boas lembranças né não?

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Que friiiiooo

O frio tem sido uma experiência das mais curiosas para nós, em nossa estadia em Lisboa. Embarcar de uma cidade praiana, ensolarada, de bermuda e camiseta, para outra cujo inverno é bem mais rigoroso que o nosso (com muita chuva, temperaturas abaixo dos 10º e sensação térmica inferior a isso) tem mexido com nossa rotina, de diversas formas.


A mais engraçada delas são as inúmeras camadas de roupas que nos acompanham, após a decisão de sair de casa (quando a coragem permite, claro! Hehe). Acima, duas fotografias tiradas pela Talita, que simbolizam fisicamente a mudança no "tempo". Nossa vizinhança em dias de sol e, ao lado, em dias de chuva. O meu irmão, Maikon, que vem nos visitar agora, no reveillon, que se prepare. rs

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Você chega lá

Bom, tudo começou com a Talita. Ela fica dizendo que não, mas foi. Nossa amiga descobriu a existência de um shopping de lojas outlet aqui em Lisboa. Várias lojas, várias marcas, variados produtos. Todos com preços baratíssimos. Aí o Paulo foi cortar o cabelo e o cabelereiro brasileiro não só confirmou que isso existia, como disse que saía um ônibus do bairro Expo para o tal Freeport, porque ele afinal não ficava em Lisboa mas perto. De repente, começam a aparecer comercais na televisão com o slogan: "Freeport - Você chega lá".

Era aí que a gente deveria ter desconfiado, né? Mas não. Nem quando o Fernando apontou um dia para a Talita: "Tá vendo aquela ponte que a gente não consegue ver o fim? O Freeport fica depois dela". Nem assim a gente desconfiou. O inverno apertou e todo mundo precisou de casacos que fossem coisa séria. Eu fui para o site da empresa Transportes do Sul do Tejo pegar o horário dos ônibus. E, finalmente, ontem, fomos ao Freeport.

Nós pegamos o metro (já disse que metrô se chama metro aqui?) da linha amarela, trocamos por um da linha vermelha. Chegamos na Gare de Oriente às 15:05. De acordo com o site, havia um autocarro (ônibus) às 15 em ponto e outro às 15:30. Pois bem, 15:30, 40, 50... Nada. O bicho chegou às 16. Tudo bem, eu pegava o Paranjana, sei que ônibus atrasam.

Lá, foi aquela alegria. Entrávamos nas lojas, saíamos, nos perdíamos uns dos outros. Algumas lojas foram decepcionantes, outras surpreendentes. Entramos na Rebook e eu disse "poxa, se eu precissa de um tênis comprava aqui mesmo". Os tênis tavam em torno de 50 euros. Há um ano atrás eu comprei um tênis de presente pro Paulo em Fortaleza, foi 300 reais. Compramos os casacos, gorros para a cabeça, meias de frio. Paulo e Fernando desistiram de acompanhar nosso ritmo e eu e Talita seguimos só pelas lojas. Achamos a loja com as coisas mais lindas do universo, chamada Desigual, mas com coisas caras. Pena. Fomos na Carolina Herrera, Versace, Hugo Boss, Guess... Mentira, a gente só olhou a vitrine e saiu de perto. Ninguém tinha dinheiro pra comprar mais nada. Pronto, fomos resgatar os meninos no café para ir embora.

Eram 21:30. De acordo com o site, o autocarro saíria 21 horas de Montijo, cidade perto, e estaria em 25 minutos no Freeport. O próximo era às 22:45. Bom, se ele atrasou tanto na vinda, deve atrasar um pouquinho. Carregados de sacolas, seguimos para a paragem.O frio não tava para brincadeira, o banco de metal era tão gelado que não conseguimos sentar e ficamos em pé. 21:30, 21:40... a fome apertou, Talita colocou as luvas... 21:50 ... eu tirei meu casaco recém-comprado e coloquei... 22 horas ... a Talita tirou o gorro recém-comprado e colocou... 22:10 ...começou a chover.

"Meu irmão, que é que nós tamos fazendo aqui?". Nosso sistema emocional se entregou da melhor forma e gargalhadas histéricas dispararam. "E o pior é que nenhum táxi passou aqui." "Na verdade, passaram uns quatro". kkkkkkkk. Dois carros estacionados perto da gente. "Alguém sabe abrir porta de carro?", "Então é por isso que brasileiro vira criminoso na Europa" kkkkk. "Vamos ligar pra nossa senhoria e pedir resgate? Ela falou que se a gente precisasse, ligasse", "Só que nós estamos fora da cidade" kkkkkk. "Mas se a gente fosse preso será que levavam para Lisboa?" kkkk. Fora de controle.

22:20 o Paulo tirou seu gorro recém-comprado e colocou. Agora, nós quatro parecíamos marginais. O celular de um de nós toca: "Sim, pai? Não, está tudo bem. Estamos indo para casa. Frio? Não, tá só chuviscando um pouco". kkkkkkk 22:30... "Vamos listar o que cada um comprou, onde e quanto?". 22:40 outras pessoas chegam na paragem. Nós pensamos: "Graças a Deus, então o autocarro deve passar por aqui daqui a pouco". Lá vem uma senhora nos perguntar: "Vocês sabem que horas passa o autocarro pra Lisboa?" kkkkk. 22:50 vem um ônibus com outro número do que o que nós esperávamos. Eu fui perguntar ao motorista se não iria para Lisboa também. Quando cheguei na porta, o motorista arrancou sem olhar para minha cara. kkkkkk. Fora de controle mesmo.

23:10, o ônibus chega! Entramos desesperadamente e nos jogamos nos bancos. Mais risadas. Estamos indo para casa! Não, ainda faltam dois metros... Chegamos em Oriente 23:40, paramos para comer no shopping porque não havia mais condições. "Eu agora queria comprar um carro"... Meia-noite no metro. O Paulo inventa a brincadeira não-super legal de perguntar o que a Talita compraria com 10 mil reais. Linha amarela, linha vermelha e 15 minutos depois ela ainda está enumerando e eu estou pensando no divórcio. Chegamos na última parada! Agora caminhar para casa. "Será que ainda está chovendo?", "Não, mas pelo chão molhado a chuva acabou de passar por aqui", "Meu irmão, a gente perdeu até a chuva por alguns minutos"...

Na calçada da nossa casa eu fui obrigada a anunciar: "Ah, meu tênis acabou de descolar!". Fora de controle. Como diria Tá, a gente chorava de rir. Paulo: "meu amor, você vai demorar um pouco agora pra voltar lá, certo?". E assim acabou a ida ao Freeport. E quem quiser ir lá, no futuro, eu fico feliz em indicar o caminho. Não se preocupe, você chega lá. Agora, se volta é outra história....