sábado, 20 de fevereiro de 2010

Em Portugal tem carnaval? Tem sim senhor!


Apesar do frio, que teimou em prejudicar algumas folias, foi muito interessante ver a adaptação para a realidade local de alguns aspectos da festa mais popular do Brasil. Tem desfile de escolas de samba, passistas com pouca roupa (acreditem!), carros alegóricos e muita, muita gente na rua, acompanhada de casaco, cachecol e guarda-chuva. Pelo visto, para se divertir, assim como no Brasil, não há impedimento que chegue.

Por outro lado, há também a criação de tradições locais, como o desfile de palhaços de Sesimbra, uma região próxima de Setúbal e Palmela, na costa oeste sul de Portugal. Lá, o trio elétrico (com marchinha brasileira) arrasta foliões vestidos de palhaços. Famílias inteiras totalmente produzidas, com fantasias das mais divertidas e diferentes. E tem folião de todo tipo, da criança ao adulto, do senhor e da senhora aos netos e filhos, em um clima saudável e colorido, como o bom carnaval deve ter.

Essa folia foi acompanhada de perto por nós, na segunda-feira de carnaval, quando nos aproveitamos do convite feito por Maria de Jesus e Pedro, dois queridos colegas de mestrado, que nos levaram para conhecer a região onde Pedro nasceu e os dois vivem hoje: Setúbal. Como se não bastasse, ainda esticamos para Palmela, onde Pedro e Maria, sempre gentilíssimos, nos fizeram conhecer (no conjunto da obra) castelos, miradouros e praias. Ainda tivemos a chance de provar o “choco frito”, um marisco empanado, típico de Setúbal. O que no Brasil chamaríamos de “tira gosto”, ou seja, um ótimo acompanhamento para aquela cervejinha gelada. Obrigado Pedro e Maria! Esperamos retribuir a gentileza no Brasil!

P.S.: Vale lembrar que Eu, Eugênia, Fernando e Talita quase não chegamos a Setúbal, pois pegamos o trem errado. Pra variar, claro (risos)!

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Uma ótima pedida


Os produtores e comerciantes de vinhos portugueses tiveram uma idéia bastante criativa para divulgar os seus vinhos: oferecer, semanalmente, a degustação gratuita de sua produção. E assim nasceu, em 1997, a ViniPortugal, um lugar bastante agradável de Lisboa (localizado no arredores do Terreiro do Paço) que tivemos a oportunidade de conhecer no último sábado.

A dica veio de uma amiga nossa de Mestrado, Henedia, que entende tudo de vinho e, como se não bastasse a indicação, ainda estava lá para nos recepcionar, na companhia de outro amigo, também do Mestrado e que sabe tudo da história de Portugal, Pedro.

E dá-lhe provar vinhos: era um branco aqui, outro rosé acolá, um tinto mais forte outro mais fraco, um tipo para acompanhar um peixe, outro que por si só bastaria. E tudo sem custos. Claro que as garrafas ficam à venda para quem se interessar, assim como os azeites (cujas degustações acontecem em outras datas), numa promissora estratégia de marketing junto aos portugueses e turistas.

Uma ótima pedida, que antecedeu um almoço no Parque das Nações, com os colegas e o neto de Henedina, Francisco, com quem discuti quem será a melhor seleção de futebol do Mundial. Ele defendendo Portugal e eu a seleção verde amarela. Intercâmbio dos melhores, em um dia que começou nublado e terminou com um sol bonito de se ver.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Comendo para matar a saudade

Lembrar é uma coisa que envolve vários sentidos. Como você lembra de uma gargalhada enchendo o ar quando pensa em algumas pessoas, ou de um certo cheiro quando recorda um lugar. Quando minha irmã se mudou para outra cidade, eu fui a primeira pessoa a visitar e levava comigo uma preciosa encomenda: baião de dois. A aeromoça que me ajudou a guardar a bagagem levou um susto: ui, tá quente! Assim que entrou em casa, minha irmã se serviu do prato e comentou: se eu fechar os olhos, é a mesma coisa que estar na cozinha lá de casa. Para nossos amigos portugueses, baião de dois é uma comida de feijão e arroz cozinhados juntos típica do nosso Estado, o Ceará. Com carne de sol, então, é nosso prato oficial.

Nesta semana, resolvi matar a saudade de forma gastronômica. Nós tinhamos feito um bacalhau que ficou suuuuper salgado e a querida tia Sônia, mãe da Talita, me enviou uma receita de bolinho de bacalhau para salvar a pátria, e o peixe. Eu pedi a minha mãe a receita do baião de dois. O curso de culinária que fiz um dia me ensinou que o negócio é estudar uma receita e encará-la de frente. Também peguei a receita do creme de galinha, absolutamente a cara dos jantares na casa dos meus pais, mas esse eu ainda não me senti poderosa para fazer.

Como vocês podem ver, o negócio até que deu certo. Recebemos nossos companheiros de aventura, risadas e desesperos além-mar, Talita e Fernando, que já estão acostumados a serem minhas cobaias. Afinal, comida nova deve ser estreada em família.

Cozinha pequena, nós apertados, guanará e coca-cola, bolinhos de bacalhau, baião de dois, e muitas, muitas gargalhadas enchendo o ar. Nem precisava fechar os olhos, era só se sentir em casa.