quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Nossa filha não assiste a propagandas

Lá em casa, abolimos o intervalo comercial. Por conta deles ou não, parece que fugir da televisão é tendência mundial. Nos EUA, nos últimos 03 anos, o grupo de 02 a 11 anos baixou seu tempo de TV de 110 para 102 horas mensais (ainda enorme!) e aumentou o tempo assistindo vídeos na internet em 87%. Ainda são apenas 6,3 horas no mês, contudo é uma crescente (Fonte: Wired).

Percebendo a onda, o Google acaba de lançar o aplicativo "YouTube Kids". Por enquanto, só disponível para Android e IOS e nos EUA. Lançado na segunda-feira 23/02, o app estava hoje (26/02) na faixa "entre 50.000-100.000 instalações" e ganhava nota 4,4 nas resenhas. Eu vou baixar quando chegar por aqui, mas daria só nota 2,5.

O lado bom? O visual amigável para crianças permite autonomia. O aplicativo tem quatro opções: Shows (programas de TV), Music (vídeos musicais), Learning (programas do National Geographic Kids e outros canais educativos), e Explore (com uma busca). O app também permite controle parental porque pode desabilitar a busca e o som e programar o tempo de uso diário.

Bacana, né? Só que olha a pegadinha: os vídeos não têm comentários mas o app tem anúncios "kids-
friendly". Resumindo, a Google vai vender espaço de propaganda que vai chegar direto nas mãos do seu filho feitos especialmente para ele.

Há vários motivos para se preocupar com essa exposição, e lá em casa são dois pais que estudam comunicação. A quantidade de comerciais que massacram quem tenta assistir a um desenho na televisão é monstruosa. Pode escolher. Qualquer um dos canais "para crianças" é absurdamente inundado.

Para refletir, recomendo o documentário "Criança, Alma do Negócio" (2007) de Estela Renner e Marcos Nisti, que trata da publicidade dirigida às crianças (mesmo quando o produto não é para elas) e do consumismo infantil. Há também um artigo interessante para discutir alguns conceitos do filme.



Ouvir uma criança de 10 anos dizendo que "toda criança sente vontade de chorar quando pede algo e a mãe diz que não tem dinheiro para comprar" é um negócio que me enerva. Por isso, nós fomos atrás de outros veículos. Os DVDs são uma saída habitual, mas saem caro. Hoje, Elisa assiste a TV, mas sem assistir a nenhum canal de TV. É o milagre do Wifi.

A melhor solução, até agora, tem sido serviços como Netflix e Amazon TV. Ela tem um perfil só dela que direciona conteúdo apropriado. Quase todos os desenhos que têm nos canais de TV estão lá. Mesmo que sejam temporadas anteriores, quem tem dois anos não se importa em pegar "o último lançamento". Por isso mesmo, nossa filha também tem acesso a muito do que "saiu de moda" e que não deixou de ser bom. Ela estava assistindo "Em busca do Vale Encantado" (1988) neste fim de semana. Lembra do Littlefoot?

Enquanto o app não chega no Brasil, o site do YouTube é uma boa segunda opção, mas com dois poréns. Primeiro que ele sugere vídeos de acordo com o histórico, ou seja, se a família toda usar o YouTube, seu filho pode acabar vendo uma cena impactante de "The Walking Dead". Nossa amiga Morena fez um e-mail para o filho dela só para personalizar as sugestões do YouTube. Ótima ideia para filtrar conteúdos.

A segunda questão é a dos anúncios sem opção de "Pular" que passam antes dos vídeos. Contra esses, só distrair a criança e esperar passar. Minha tática tem sido ensinar a Elisa a dizer "Mas que bobela Iutube! Me dá meu vídeo A-GO-LA!". Ele não costuma obedecer, mas ela já aprendeu a brigar.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Os veículos de comunicação e os novos tempos

As Tecnologias da Informação e da Comunicação mudaram o jeito da gente se comunicar de forma tão drástica que as plataformas tradicionais de distribuição de conteúdo têm se rebolado para incorporar os novos hábitos. Um exemplo disso está no aplicativo WhatsApp. As emissoras de rádio contam com ele para que ouvintes possam fazer comentários e propor pautas aos programas, ampliando a participação e a interferência em conteúdos antes produzidos exclusivamente por profissionais da comunicação.

Na própria dramaturgia o aplicativo vem sendo incorporado à cena, e as mensagens trocadas entre os personagens saltam na tela, permitindo ao público saber e acompanhar o que cada personagem diz. Isso exige do telespectador mais atenção e intimidade com as novas linguagens. Há quem diga, por exemplo, que um dos recentes trabalhos da TV Globo, a série O Rebu, não tenha obtido a audiência esperada pela estrutura não linear da narrativa e por incorporar as redes sociais à trama (em várias cenas, personagens repercutiam ficticiamente as cenas em aplicativos e sites de mídias sociais).

Mesmo assim, o movimento é crescente, principalmente, fora do Brasil. Na série Sherlock, da rede britânica BBC, as conversas entre Holmes e Watson podem ser vistas na tela da TV. Isso se repete na aclamada série House of Cards (foto), produção exclusiva do Netflix. Não à toa, tem quem se incomode com celulares desligados em cena ou mesmo quando são utilizados pelos personagens de cabeça pra baixo.

Para saber mais sobre as séries citadas, acesse os endereços:
http://www.netflix.com/WiMovie/70178217
http://www.bbc.co.uk/programmes/b018ttws
http://gshow.globo.com/novelas/o-rebu/index.html

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

#Oncers #uglyduckings #EvilRegals #CaptainSwan #QueensOfDarkness

As hashtags acima são alguns dos termos usados pelos fãs da série "Once Upon a Time" (ABC). Ela estreou em 2011 pelas mesmas mãos que criaram "Lost": Adam Horowitz e Edward Kitsis. A quarta temporada está com audiência 13% maior que a terceira e mantem o show entre os 10 programas mais assistido nos EUA. A história segue Emma Swann, uma caçadora de recompensas levada à cidade Storybrook onde descobre que é filha da Branca de Neve e do Príncipe Charmoso e que os contos de fadas são reais. É isso mesmo.

Nas redes socais, os espectadores se identificam de acordo com seu personagem preferido. Quem gosta mais de Emma, interpretada por Jennifer Morrison (House) é um #uglyducking. Branca de Neve de Ginnifer Goodwin (Big Love) tem os #Fairests e o Príncipe de Josh Dallas (Thor), os #Charmers. A Rainha Má Regina de Lana Parrilla (que esteve na 4ª temporada de 24 Horas) tem os #EvilRegals. E todos são os #Oncers. 
Como em toda série, os vários casais também têm seus seguidores. Os "shippers" (torcedores do casal) podem ser #Rumbelles ou #Snowing. Shippers de casais envolvidos em triângulos amorosos brigam horrores online. Emma fica entre #Swanfire e #CaptainSwan. Alguns fãs começaram a torcer por um casal gay dela com Regina, o #SwanQueen. Os criadores negam que o casal exista na série mas ficam jogando um monte de cenas de duplo significado entre as duas (isso é fan service, colocar algo na história só para deixar os espectadores felizes). 

O elenco usa as hashtags para quase todo post que coloca: fotos de bastidores, teasers de próximas cenas, pedaços do roteiro. Semanalmente um deles tuita ao vivo (livetweeting) durante a exibição do episódio. Em alguns dias, dois ou três atores se reúnem para assistir aos episódios e fazer o livetweeting juntos. A prática é barata, simpática e traz um retorno afetivo enorme para os seguidores.  

Adam Horowitz instituiu um concurso semanal de arte sobre a série (e outra hashtag). É a #OnceFanArtFriday. As pessoas postam desenhos sobre a série e ele e os roteiristas escolhem o melhor da semana. O prêmio? Ter seu desenho tuitado por Adam como "vencedor da Semana" na sexta-feira. 

Cada temporada tem 2 temas e cada um traz novos personagens e histórias e... hashtags. Com o tema Peter Pan foi #Neverland. Com Mágico de Oz foi #Wicked. A primeira metade da atual temporada teve Elsa e Anna, então #OnceIsFrozen. Os episódios de março começam com Úrsula, Cruela e Malévola como as #QueensOfDarkness. O canal ABC tem outros sucessos de TV e Twitter como os de Shonda Rhimes (#shondaland), Grey's Anatomy e Scandal. Seus mais populares programas tem sido chamados de "must-tweeting" (é obrigatório tuitar sobre eles).


A partir de 01 de março, entre no Twitter, domingo às 21h e coloque na busca #OnceUponaTime. Durante a semana, coloque na busca do Google para descobrir quantos sites especializados repercutiram  e leia os comentários dos textos, nos quais os fãs que iniciaram os debates nas redes sociais voltam a discutir cada detalhe. O conjunto da obra é o buzz. Provavelmente, você vai descobrir muito barulho sobre #OnceUponaTime.